domingo, 29 de janeiro de 2012

Teologia da Prosperidade

Cada vez mais ouvimos falar de um "pseudocristianismo", onde se vende uma religião onde suas dores de cabeça, coluna e articulações serão sanadas, onde as dores por perdas, traições, desilusões serão exterminadas, onde sua luta pela cura, do câncer, do alcoolismo ou qualquer drogadição será instantânea. O que é isso???
Fiquei meditando; Seguir Jesus não é algo mágico, que faz com que as pedras do caminho sejam retiradas, que as doenças deixem de existir, que nossa carne nada mais sofra e acima de tudo nossa despensa fique sempre cheia e a garagem com o carro mais luxuoso.
Jesus disse: “Quem quiser ter parte comigo, tome sua cruz e siga-me.” Não existe ressurreição sem calvário, não existe vitória sem luta...quantas vezes uma criança cai e levanta até aprender a caminhar?
O sofrimento humano é uma ferramenta para esculpir nossas almas para o eterno.
Vivemos em uma sociedade que vive só os anos de vida aqui na terra, uma sociedade que esqueceu da vida eterna, uma sociedade que vive para ter e poder aqui, na terra, esquecendo-se que o céu nos espera. Que gestação estamos tendo para a nossa segunda vida?
Acredito que todos os pregadores gostariam apenas de falar das belezas da vida, mas quando deixamos de falar nas dores do mundo ou deixamos de aceita-las estamos deixando de aceitar o próprio Cristo que diz: “ Não pode ser o discípulo maior que seu mestre.” Se nosso Mestre é Jesus, por via de conseqüência, nossa vida tem que passar pela mesma humanidade pela qual Ele passou. Jesus não “criou” uma carne diferente da nossa, nem uma vida diferente da nossa, foi humano no mais profundo do sentido da palavra, mas sendo Deus quis forjar em nós através do calvário a humanidade verdadeira. Onde se cresce pela dor e pelo sofrimento, onde se aprende a lutar na luta do dia a dia, onde se ama aprendendo a perdoar e se perdoa aprendendo a pedir perdão. Nada disso é fácil.
Gostaríamos de ser pregadores que recebem largos sorrisos, apertos de mãos e aplausos, mas a verdade de Jesus muitas vezes choca, entristece e nos faz ver o pior de nós. Nem sempre o que pregamos é maravilhoso e cor de rosa e quem dera aprendêssemos de fato não em falar o que o mundo quer ouvir, mas o que realmente precisa ser de uma vez por todas entendido.
Fui examinar a raiz das palavras.Teologia; Entre outras estava a seguinte definição: Tratado de Deus. Depois procurei prosperidade e encontrei: Felicidade, ventura.
O ser humano se afasta tanto de sua origem que acaba não só desfigurando sua imagem e semelhança ao Criador, como consegue torcer a própria definição das palavras. Lutemos para que um dia a teologia da prosperidade seja de fato assumir o tratado de Deus para ser feliz e não como hoje, nos agarrando a coisas materiais para preencher o buraco que nós mesmos causamos, quando retiramos Cristo de nossas vidas.
"Que a Verdadeira Palavra de Deus continue a ser pregada e entendida, por aqueles que lutam pelo Céu".
(R.Severo)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Entrevista: Especial Padre Zezinho

"Em outras palavras, a igreja é bem pensada, mas é mal divulgada."


Foi exaustivo, mas valeu a pena transcrever a entrevista que o meu colega jornalista, Ronado da Silva, fez ao Pe. Zezinho no programa da TV Canção Nova "Além da Notícia".
Confira:

Repórter Ronaldo da Silva: a você, que acompanha a TV Canção Nova, nossa saudação e feliz ano novo, ainda!

Estamos de volta, direto de Brasília, com mais um Além da Notícia. Aqui, a gente está sempre tratando de temas preciosos, com convidados mais preciosos, ainda. Temas de atualidades importantíssimos. Hoje, trataremos de assuntos diversos, com o convidado muito especial. Sacerdote católico, cantor, pregador e, sobretudo, comunicador nato. Nós vamos conversar com alguém que marcou gerações inteiras do nosso povo brasileiro. Há 45 anos, ele entrou em nossas vidas e, hoje, o meu filinho de apenas 6 anos de idade canta uma de suas canções e pede que eu a repita sempre. “Amar como Jesus amou, cantar como Jesus cantou, falar como Jesus falou.”Nós vamos conhecer hoje, Padre José Fernandes de Oliveira. O Padre Zezinho. 70 anos. Mais de 1500 canções compostas, 300 títulos. Seja bem vindo, Pe. Zezinho!

Pe. Zezinho: É bom estar de volta. É bom ver você de novo. É bom estar em Brasília. É bom estar com a Canção Nova. É bom poder falar e conversar sobre temas que são importantes não pra mim, para a Igreja, não pra você, pra Igreja e, portanto, é importante para nós.

Repórter Ronaldo da Silva: eu só quero saudá-lo, aqui, e parabenizá-lo por ter feito parte de nossas vidas. Porque milhões de brasileiros, hoje, talvez o vêem pela primeira vez. Mas milhões de brasileiros já o conhecem há tanto tempo, por tanto tempo, por tanto bem que o senhor tem feito com suas canções que a gente não para de cantar. Com os escritos que a gente gosta de estar sempre lendo. E hoje o senhor está nos trazendo, também, um novo escrito: “De volta ao catolicismo – subsídios para uma catequese de atitudes.” O que o Padre Zezinho está falando hoje, neste livro?

Pe. Zezinho: Olha, significativamente, você disse duas vezes que alguns me verão pela primeira vez. Você sabe que isso não é acaso. É uma opção de vida que tomei quando eu estudava psicologia de massas nos Estados Unidos. Eu não sabia se seria conhecido, se seria famoso ou não. Eu fui aluno do professor Bachero, Dr. Bachero, que era discípulo de imediato de Mc Luhan. E ele chamava atenção nos cursos que frequentei, além de teologia, que a gente tem uma escolha: ou você se entrega totalmente ao marketing, ou você usa o marketing dentro do seu projeto. Então, quando voltei ao Brasil, eu tomei um cuidado muito grande em qualquer que televisão de eu aparecer quando eu quisesse e quando estivesse pronto pra dizer alguma coisa. Só aparecer só por aparecer, pra mim, pareceria holofotite aguda. Por isso que apareço pouco na televisão. Estou muito mais tempo envolvido em projetos como formar cantores, formar jornalistas, formar comunicadores. Faz trinta anos que eu dou aula de comunicação e preparar pessoas para a catequese. Eu mesmo escrevendo os meus livros. São mais de oitenta títulos de livros e esse que você acabou de mostrar “De volta ao catolicismo – subsídios para uma catequese de atitudes.” Mais um outro que já saiu também, que é “Um rosto para Jesus Cristo”, a cristologia, mais um terceiro que será de ecumenismo. É um projeto que durou dezesseis anos para escrever. O que é que eu queria? Mergulhado na pesquisa, nos livros eu queria achar a linguagem. Por isso, até que consagrei naquela canção que pedi a Deus, a graça de poder falar do jeito certo, na hora certa, para a pessoa certa. E a ideia era essa: achar a linguagem, que é a grande tortura das igrejas. Ou você fala demais, ou você fala de menos, ou você exagera nos sentimentos, ou exagera na razão. Esse equilíbrio, esse tempero que é uma graça, que vem do Espírito Santo, foi o que eu busquei. Então, esse livro levou dezesseis anos, os três. Enquanto eu escrevia outros. Por que? Eu queria uma linguagem que, quem não é habituado a ler, quem não tem formação acadêmica e quem não gosta de ler, passando os olhos, ele dissesse: nossa que gostoso! Eu quis escrever um livro gostoso, mas profundo.

Repórter Ronaldo da Silva: pois o senhor está de parabéns. O senhor conseguiu, de uma forma curta, cada tema que o senhor trata aqui. Temas de atualidade que interessa a todos nós, hoje, e temas que a gente não quer parar de ler e conhecer o próximo.

Pe. Zezinho: você, que é jornalista, percebeu logo. Porque o brasileiro não é acostumado a ler mais do que uma página e meia. Ele não aguenta, não está preparado. A escola não ensinou a isso. Agora começa. Então, os livros não são o forte do Brasil. Espero que seja um dia, porque as crianças estão lendo mais. Então, o brasileiro aguenta até uma página, vinte linhas, depois ele se distrai. Então, o que é que eu fiz? Escrevi vinte linhas, vinte e cinco, no máximo. Depois, uma coisa puxa a outra. Tipo novela: amanhã tem mais, como a novela. Então, eu escrevi um livro, estilo novela, mas com um conteúdo denso de catequese. Dá pra ser profundo e acessível.

Repórter Ronaldo da Silva: o senhor conseguiu e tenho certeza que, quem experimentar este livro aqui, não vai querer parar de ler o livro até o final, apesar de ser bem grosso.

Pe. Zezinho: seiscentas páginas. Os três, cada um tem quinhentas e oitenta, seiscentas páginas. Mas essa é a ideia, também. É algo que ele use o ano inteiro, o tempo todo e, quando ele quiser uma referência, ele vai lá e acha.

Repórter Ronaldo da Silva: Padre Zezinho, como é que tem sido a sua vida nesses últimos anos? O que o senhor tem feito? O senhor falou por alto. Exatamente o Padre Zezinho vive onde e o que faz?

Pe. Zezinho: deixa eu brincar, mas é sério o que estou fazendo: estou me preparando pra morrer.

Repórter Ronaldo da Silva: por que?

Pe. Zezinho: mas alguém me diz: como? Eu rezo, todo o dia, a Ave Maria. Rogai por nós pecadores agora, que sou um pecador agora. E eu quero que Maria me ajude a viver agora. E na hora de nossa morte, como eu não sei como é, e no Brasil a expectativa de vida é de setenta e dois, setenta e três... feliz de quem chega aos setenta e oito, oitenta. Quem chega aos setenta, tem mais que ficar curioso o que vai ser o céu. Porque aqui eu já conheço. Não tudo, mas sei das dores, violências, crueldades, roubos, corrupções, maldades. Sei também dos santos, dos bons, dos maravilhosos. Eu não sei o que há depois. Então, Jesus manda a gente viver preparado para a vida pro depois. Como eu estou mais perto do lado de lá do que do lado de cá, nesses últimos anos tenho me dedicado à contemplação, reflexão, estudo, oração e tentar entender isto que já vivi e isto que me será dado viver. E, enquanto isso, vou anotando e colocando a ascese do viver e do morrer e preparar-se para o céu. Porque Jesus Cristo fezkenosis, veio aqui. Agora eu quero ir pra lá. E, para que eu possa ir pra lá, faço bem o que sobrou, desse restinho de tempo que sobrou. Ou seja, de dez a quinze anos. Então eu brinco com as pessoas e elas perguntam “por que”. Gente, eu estou fazendo a coisa mais lógica que um cristão deve fazer: eu to curioso pra saber pra daqui vou estar há dez anos, ou talvez antes, como é a eternidade. Porque aqui eu sei, um pouco, como é. E isso já me ajudou a pensar e vai passar. E olha, eu não para aquele túmulo, não. Vai só o corpo. Eu já terei ido ao céu. Então, eu não vou ser enterrado, vai meu corpo. Eu quero ir bem e essa é a ideia do relacionamento com Deus, com o próximo, sem grandes vaidades, espero que não. E sem grandes ilusões, também espero que não. Quero viver como um rio e estar perto da foz.

Repórter Ronaldo da Silva: agora, quem o conhece, sabe que o senhor não para. Mesmo se preparando pra isso, o senhor não está parado não. Certo?

Pe. Zezinho: não é que o rio anda mais devagar quando chega perto da foz. Ele vai no mesmo ritmo, só que vai mais cheio. Essa é idéia. A gente tem que ir mais pleno e a plenitude você recebe com as leituras, o estudo, a contemplação, os documentos que a igreja vai colocando. Eu só tenho setenta anos, a igreja tem quase dois mil. Então, é claro, que ela tem mais a me dizer. E tudo isso dentro de um contexto. Depois vai saindo em canções. Minhas canções estão cada dia mais contemplativas, políticas, sociais, provocadoras. A vida é uma provocação.

Repórter Ronaldo da Silva: Então, o senhor continua compondo canções, escrevendo pra jornais, escrevendo livros e dando aulas também?

Pe. Zezinho: Eu só dou preleções agora. Eu dei trinta anos de aula. Agora, graças a Deus, a gente precisa renovar a faculdade. E um aluno muito competente pegou o meu lugar. Então, agora eu sou preletor. Eu dou algumas aulas, alguns cursos. Estou ligado à Faculdade Deoniana. Lá está o Padre Joãozinho também. Já não dou mais aula. Agora eu dou preleções. O que me dá mais tempo de pesquisar mais.

Repórter Ronaldo da Silva: e a gente falando desse livro aqui, a gente fala da vida atual. O senhor falou, agora a pouco, de violências, de injustiças, de corrupção. O senhor falou de dores, neste mundo de hoje. Como o Pe. Zezinho faz uma leitura de hoje, do nosso povo de hoje e como nosso povo está vivendo tudo isso e a sua fé?

Pe. Zezinho:Eu acho que educar é preparar a pessoa para tomar decisões, escolher. Senão não é educação. Acho que educar é educar para a ação, educar para relações e educar para reações. O brasileiro em casa, a maioria deles, na escola, não foi educado para o diálogo. O que seria? A capacidade de preparar e de ponderar suas ações, medir. A capacidade de medir suas relações e a capacidade de medir as suas reações. Quando você não educa uma pessoa pra isso, você não criou um ser humano maduro. Eu ajo e sei porque ajo. Eu tenho relacionamentos, ações constantes e sei porque tenho e com quem, e porque. Não brinco de relações, nem afetivas nem sexuais, nem econômicas, que envolve o outro. Então, eu levo a sério. E reações: não tenho reações inusitadas, explosivas. Eu pondero as minhas reações. Se alguém chegar a isso, ele fez uma ascese da comunicação, que é o título do meu próximo livro. Então eu olho o Brasil de agora e vejo que é um país que não foi muito educado para ponderar. Ele engole qualquer marketing de governo, de igrejas, de comércio, de indústria que ele não está preparado para receber uma comunicação. Ele engole, ele não mastiga, ele não digere. Então, nós precisamos reeducar toda uma geração pra isso. Está aí o Twiter que não me deixa mentir. O twiter é a notícia não digerida, é um arroto. Ele só passa a ser notícia boa se o sujeito, antes de ir para o twiter, pensou naquilo que vai falar. A maioria das pessoas é instintiva, aconteceu e vai pro twiter. Tinha que meditar antes, senão é um arroto. É uma notícia má digerida e já colocada para os outros. Mas como o twiter tomou conta do mundo, isso quer dizer que o mundo não é de meditar no que fala. Não tem antes, é tudo durante e depois. E o depois ele não tá nem aí. Então, virou o mundo do durante. É o que o Jean Baudrillard fala no seu livro “A transparência do mal”, nós criamos nessa era de pós orgia que ele chama, a era da excrescência. Tudo o que eu tenho eu jogo pra fora, jogo pra fora... eu não assimilo primeiro. E então, nós perdemos a capacidade de refletir. E voltamos ao que Pio X, já em 1903 falava, antes do modo próprio, que as pessoas repetem frases e áreas e óperas, mas não entendem o que está fazendo. Criticava uma liturgia apressada que já se fazia na época. E naquela mesma época, em 1908, o Chesterton (G.K. Chesterton), no livro “Ortodoxia” dizia que o mundo estava praticandoaraquiria, o suicídio do pensamento. As pessoas não pensavam. Elas simplesmente reagiam e, por isso, não interagiam. É a sociedade de hoje. A mídia dominou, está a serviço do comércio, está a serviço do deus mercado, está a serviço da indústria, dos governos e das religiões, mas não está a serviço do indivíduo.

Repórter Ronaldo da Silva: deixa eu entrar, agora, num desafio enorme que é, pra nós igreja, que só agora no seu livro, também. A igreja está sabendo se comunicar com este mundo, sabendo usar a linguagem para ser entendida nesse mundo? Porque o que a gente tem percebido, lamentavelmente, é que a voz da Igreja tem sido rejeitada.

Pe. Zezinho:Os documentos são bons. São especialistas que escrevem. Então, se você lê desde Medelin, Puebla, Santo Domingo, Aparecida você tem documentos precisos, escritos por gente inteligentíssima e acadêmica. O conteúdo é bom. Também, desde o Vaticano II, você pode começar com o Gaudium et Spes, Optatam Totius... é profundo isso. Não tem o que tirar nem por ali. Então, a igreja escreve bem e medita bem. Mas na hora de chegar ao povo não chega. Porque aquele que deveria levar ao povo, e você é jornalista sabe, seja o leigo ou o padre, ele não passa a doutrina e o pensar da Igreja. Trunca-se, no caminho, e a pessoa não recebe o que é pra receber. Nós não divulgamos. Às vezes, o padre divulga o livro dele exaustivamente, a canção dele exaustivamente e não tem tempo de falar com o Papa, que é o maior catequista nosso e que é o nosso porta voz, acabou de escrever uma trilogia: escreveu “Sal da Terra”, o outro não foi traduzido ainda, “Dio e IL Mondo”, e o terceiro, “Luz do Mundo”. Mas catequeses sólidas, profundas. O povo não sabe que existe porque o padre está muito preocupados em mostrar o próprio livro, o próprio cd e esquecem de mostrar o que os catequistas maiores estão dizendo, e os teólogos. Então, não chegam ao povo. Em outras palavras, a igreja é bem pensada, mas é mal divulgada.

Repórter Ronaldo da Silva: esta falha na comunicação é grave nos tempos de hoje. Porque nós temos um mundo que necessita ouvir uma boa comunicação daquilo que precisa chegar até ele.

Pe. Zezinho: é como se a pizza saísse boa, saborosa, rica de conteúdo do forno e, na hora da entrega, o entregador de pizza acrescentasse os seus sabores e entrega uma pizza deturpada. O entregador de pizza tem que entregar, aquela pizza, quando saiu do forno. E hoje estão interferindo tanto, por isso meu segundo livro “Um rosto para Jesus Cristo” tem lá o Corcovado pichado na capa. Quer dizer, qual é o rosto de Jesus Cristo? Foi tão pichado pelos pregadores das mais diversas igrejas, que você já não sabe quem era Jesus. Você sabe o Jesus de tal e tal igreja, de tal e tal pregador, de tal e tal padre. Mas o Jesus histórico? Onde é que Ele está? Não chegou ao povo. Quem era Jesus, de fato? E as conclusões sobre Jesus, também?
Então, eu brinco também, eu costumo brincar, mas é a pura verdade e acho que qualquer um assina embaixo: o problema não são as escrituras, são as leituras.

Repórter Ronaldo da Silva: Pe. Zezinho, o que pode salvar este nosso mundo com tanta gente desacreditada nele, pela violência que tem visto, pela corrupção que tem visto, pelo rumo das famílias que tem visto? O que pode salvar este nosso mundo? E como?

Pe. Zezinho: a ascese do pensar. Quem pensa mais, provavelmente, quando tomar decisões, toma decisões mais corretas. O instintivo, tanto na vida, no sexo, no trabalho, no dinheiro, no casamento, instintivo na fé, ele não pensa. Ele faz porque estão dizendo pra fazer, é a onda do momento, ele é surfista da última onda. Então, ele não vai mudar nada. Mas aquele que pensa, ele vai e ele vai fundo, e ele cria pensamento. Porque o pensamento não é como a água. Ele reproduz. Mas já, o outro, o instinto, ele não reproduz. Aquilo pra ele é instantâneo, é imediatista. Então, quem pensa, não é imediatista. E o reino de Deus não é imediatista. Ele é fruto de quem pensa. No caminho, eu estava dizendo, quando vinha pra cá, estava dizendo para o Adécio: houve um tempo na minha vida que eu escolhi ser pensador. Eu gostava de Pascal (Blaise Pascal), o Descartes (René Decartes), fui introduzido a pensadores e sou apaixonados por livros. E aí eu brinquei, mas na verdade é o que eu faço: eu tinha uma escolha entre plantar repolhos, que você colhe dentro de algumas semanas, e plantar mangueiras e abacateiros, que demoram mas, quando colhe, colhe em grande quantidade e dá por cinquenta anos. Eu resolvi plantar abacateiros e mangueiras. O repolho eu deixei pra quem queria resultado na próxima estação. A mídia faz isso. Ela te convida e diz assim: se você plantar repolhos, daqui a algumas semanas, você vai ter um caminhão de repolhos, mas apodrece depressa e tem que vender logo. Ao passo que o outro demora, mas aí você pode colhendo aos poucos. Eu sou, eu quero ser plantador de abacate, plantador de mangueira, que demora pra colher, mas depois dura. E repolho eu prefiro não plantar. É efêmero. Se alguém fazer, tudo bem. Há outros que fazem. Então eu não preciso fazer. Eu não tenho uma comunicação imediatista.

Repórter Ronaldo da Silva: o que está acontecendo com os nossos católicos? Temos muitos bons católicos, mas nós temos uma grande quantidade de católicos que não estão assimilando a sua fé. Que apenas dizem ser, mas não a praticam, estão em desacordo com a sua igreja. Que processo é esse?

Pe. Zezinho: começa com as lideranças. O povo é o resultado das suas lideranças. Se os bispos não são corajosos, fortes e não tomam posição, depois de um tempo, o povo também não toma. Se os padres não são corajosos e fortes, e não tomam posição, o povo também não toma. Se a notícia e a fala do Papa não chega ao povo, o povo não sabe o que é ser católico. Se os documentos não chegam ao povo... quantos leram o último documento de Aparecida? Você é jornalista. Deveria faze uma pesquisa. De cada mil católicos, aqui em Brasília, quantos leram o documento de Aparecida? Diante de tanto, tem a opinião de todos os bispos da América Latina e do Caribe. E ele não sabe? Foi em 2007. Então, alguma coisa está errada porque nós não estamos ajudando o povo a refletir. Então o problema começa conosco. Além do que é a questão da fidelidade. O que tem de padre que escolheu o projeto pessoal, disse que o antigo inimigo da igreja era o PT (Partido dos Trabalhadores). Tudo o que era padre que saía era pra entrar no PT. Como o PT mostrou outro lado, não muito virgem de pureza, muitos se decepcionaram. Então, agora tem muito por causa do PP – Projeto Pessoal. Não estão querendo aceitar o projeto da Igreja. Cada um inventa o seu. E não há aquela unidade de trabalhar todos juntos por uma causa. Não há renúncia e ascese suficiente de dizer: o meu projeto não é importante, é o da diocese que é. É o da congregação que é. É o da Igreja. Eu não tenho projeto pessoal. Não vou criar nada mais novo. Eu tenho que ser muito profeta para criar alguma coisa nova. Eu não sou esse profeta. Se a pessoa acha que é, tudo bem. Nunca criei nada novo. Eu criei o novo dentro do novo. E é essa a idéia. A Igreja já tem, a congregação já tem. Eu quero oferecer uma renovação dentro do que já existe. Então, eu não criei as minhas comunidades. As que existem eu quero ajudá-las.

Repórter Ronaldo da Silva: imagino que tem muita gente, agora em casa, querendo ouvir o Padre Zezinho falar sobre isso: as nossas famílias estão sendo muito agredidas. Muitos matrimônios têm sido desfeitos. Muitos filhos têm sofrido com isso. Que leitura o Padre Zezinho faz desses fatos?

Pe. Zezinho: que é intencional. No tempo de Pio IX, 1870, o laicismo tinha tomado conta da Europa. A partir de 1848, manifesto comunista, e com os vários pensadores e as várias correntes de pensamento. Desde o marxismo que nascia, o capitalismo que nascia e até a correntes de pensamento de alma que, com Freud (Sigmund Freud), começava a vir a psicologia. Tudo foi naquela época e houve um distanciamento da sociedade pensadora da Igreja. Além do que, a Igreja perdeu os estados pontifícios e ficou reclusa no Vaticano com Pio IX e ele ficou em autodefesa. Depois veio Bento XV, que abriu a Igreja para o diálogo. Disse: não podemos ficar prisioneiros no Vaticano. Vamos vencer pelo pensamento, já que não temos mais nada do Estado. Aí veio um excelente, pena que ele é tão pouco lembrado. O Pio XI, que era um estadista de marca maior, advogado, preparado, e ele dialogou com o mundo inteiro. Tanto quando ele morreu, foi uma verdadeira apoteose, como foi com João Paulo II. Este homem quer diálogo! Veio gente inimiga pra vê-lo. Em 1939, se eu não me engano. Não é? Então a igreja, nesse período todo, teve que apresentar sua voz, o seu diálogo, porque ela entendeu que ela era uma das muitas. O laicismo tinha tomado conta de todos os países e o ateísmo em muitos outros. Aí, hoje, o quadro é o mesmo. A maioria dos governantes, hoje, são ateus. Ou o sistema que eles defendem é ateu. Eles toleram a religião, mas eles não são mais ligados à religião. A religião, se quiser sobreviver, tem que ser ligada a eles. Mas eles não dependem de nós. Se quiserem nos peitar, eles nos peitam. Eles têm a economia, o mercado e a mídia na mão. Então a Igreja vai ter que descobrir um jeito de chegar aos corações que, esse, o Estado não tem e nunca vai ter. O laicista, o materialista, nunca vai ter o coração do povo. Vai ter estômago do povo e vai ter um interesse imediatista do povo. Mas o coração não. Isso a Igreja pode ter. Este não é do povo, não é do governo e não é dos poderosos. Então, a Igreja vai ter que trabalhar os corações. Aí é que eu vejo um lugar para a Igreja. Que ela seja capaz de empolgar as pessoas pela gentileza, pela civilização do amor, e ela fala muito disso. Não é? E seja capaz de criar uma civilização da solidariedade. Porque o comunismo não deu certo, o capitalismo não deu certo, o liberalismo econômico, que já foi condenado por Pio XI. Os dois: o comunismo, o liberalismo. Dizendo que a solução era um solidarismo. A Igreja está começando a vencer porque eles todos eles estão vendo o fracasso. O capitalismo já fracassou em três, quatro anos. Foi o euro, na Europa, foram os americanos. Viram que não é tão duradouro como parecem. É um gato de sete fôlegos. Vai sobreviver, mas muito machucado. O comunismo está todo dilacerado. Quem sabe seja a hora, no mundo, pra um sistema humano, dê o nome que dê, com menos ditaduras e mais democracias? Está aí a Igreja que pode ajudar. Ela é mais democrática do que a maioria desses governos.

Repórter Ronaldo da Silva: o senhor percebeu que o nosso programa passou tão rápido? Nós temos um minuto e eu gostaria de pedir ao senhor uma palavra às nossas famílias. O que cabe a elas, nesse contexto todo, que acaba de nos apresentar?

Pe. Zezinho: sejam iluminadas e iluminadoras, perdoadas e perdoadoras, abençoadas e abençoadoras. Sejam como lua, que não tem luz própria, mas toda a noite passa pela Terra a luz que o sol lhe dá. Sejam como vela, que vai se derretendo, mas não perde a luz. Não percam a luz. Pais, não percam a autoridade. Católicos, não percam a capacidade de pensar, porque, senão, o nosso catolicismo acaba. Católicos pensadores, mais razão, menos emoção. Um pouco de emoção, sim. Muita razão. Aí podemos, quem sabe, modificar esse país. Porque o Brasil, hoje, é um país instintivo que raciocina pouco. Que os católicos, ao menos, aprendam isso. Porque esse é legado que a Igreja Católica pode dar ao mundo.

Repórter Ronaldo da Silva: Obrigado, Padre Zezinho, por todo o bem que senhor já nos fez, essas últimas décadas que o senhor esteve conosco, que continua conosco. Que Deus lhe dê muita vida, ainda, pra continuar fazendo tão bem essa missão e feliz 2012.

Pe. Zezinho: que vocês continuem com esse jornalismo bonito. Fiquem com Deus. E Deus nos abençoe!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Mais uma vez o Lixo: Big Brother



Dom Henrique Soares escreveu em seu blog sobre o programa  Big Brother, assim que o programa foi ao ar no início desse ano.
Faço questão de replicar o seu texto aqui, justamente agora quando um dos participantes está sendo investigado de abuso sexual e estupro durante o programa:http://diversao.terra.com.br/tv/bbb12/noticias/0,,OI5561664-EI19637,00.html
Mais uma vez o lixo: Big Brother!
Por Dom Henrique Soares, Bispo Auxilias da Arquidiocese de Aracajú-SE
A situação é extremamente preocupante: no Brasil, há uma televisão de altíssimo nível técnico e baixíssimo nível de programação. Sem nenhum controle ético por parte da sociedade, os chamados canais abertos (aqueles que se podem assistir gratuitamente) fazem a cabeça dos brasileiros e, com precisão satânica, vão destruindo tudo que encontram pela frente: a sacralidade da família, a fidelidade conjugal, o respeito e veneração dos filhos para com os pais, o sentido de tradição (isto é, saber valorizar e acolher os valores e as experiências das gerações passadas), as virtudes, a castidade, a indissolubilidade do matrimônio, o respeito pela religião, o temor amoroso para com Deus.
Na telinha, tudo é permitido, tudo é bonitinho, tudo é novidade, tudo é relativo! Na telinha, a vida é pra gente bonita, sarada, corpo legal… A vida é sucesso, é romance com final feliz, é amor livre, aberto desimpedido, é vida que cada um faz e constrói como bem quer e entende! Na telinha tem a Xuxa, a Xuxinha, inocente, com rostinho de anjo, que ensina às jovens o amor liberado e o sexo sem amor, somente pra fabricar um filho… Na telinha tem o Gugu, que aprendeu com a Xuxa e também fabricou um bebê… Na telinha tem os debates frívolos do Fantástico, show da vida ilusória… Na telinha tem ainda as novelas que ensinam a trair, a mentir, a explorar e a desvalorizar a família… Na telinha tem o show de baixaria do Ratinho e do programa vespertino da Bandeirantes, o cinismo cafona da Hebe, a ilusão da Fama… Enquanto na realidade que ela, a satânica telinha ajuda a criar, temos adolescentes grávidas deixando os pais loucos e a o futuro comprometido, jovens com uma visão fútil e superficial da vida, a violência urbana, em grande parte fruto da demolição das famílias e da ausência de Deus na vida das pessoas, os entorpecentes, um culto ridículo do corpo, a pobreza e a injustiça social… E a telinha destruindo valores e criando ilusão…
E quando se questiona a qualidade da programação e se pede alguma forma de controle sobre os meios de comunicação, as respostas são prontinhas: (1) assiste quem quer e quem gosta, (2) a programação é espelho da vida real, (3) controlar e informação é antidemocrático e ditatorial… Assim, com tais desculpas esfarrapadas, a bênção covarde e omissa de nossos dirigentes dos três poderes e a omissão medrosa das várias organizações da sociedade civil – incluindo a Igreja, infelizmente – vai a televisão envenenando, destruindo, invertendo valores, fazendo da futilidade e do paganismo a marca registrada da comunicação brasileira…
Um triste e último exemplo de tudo isso é o atual programa da Globo, o Big Brother (e também aquela outra porcaria, do SBT, chamada Casa dos Artistas…). Observe-se como o Pedro Bial, apresentador global, chama os personagens do programa: “Meus heróis! Meus guerreiros!” – Pobre Brasil! Que tipo de heróis, que guerreiros! E, no entanto, são essas pessoas absolutamente medíocres e vulgares que são indicadas como modelos para os nossos jovens!
Como o programa é feito por pessoas reais, como são na vida, é ainda mais triste e preocupante, porque se pode ver o nível humano tão baixo a que chegamos! Uma semana de convivência e a orgia corria solta… Os palavrões são abundantes, o prato nosso de cada dia… A grande preocupação de todos – assunto de debates, colóquios e até crises – é a forma física e, pra completar a chanchada, esse pessoal, tranqüilamente dá-se as mãos para invocar Jesus… Um jesusinho bem tolinho, invertebrado e inofensivo, que não exige nada, não tem nenhuma influência no comportamento público e privado das pessoas… Um jesusinho de encomenda, a gosto do freguês… que não tem nada a ver com o Jesus vivo e verdadeiro do Evangelho, que é todo carinho, misericórdia e compaixão, mas odeia o fingimento, a hipocrisia, a vulgaridade e a falta de compromisso com ele na vida e exige de nós conversão contínua! Um jesusinho tão bonzinho quanto falsificado… Quanta gente deve ter ficado emocionada com os “heróis” do Pedro Bial cantando “Jesus Cristo, eu estou aqui!”
Até quando a televisão vai assim? Até quando os brasileiros ficaremos calados? Pior ainda: até quando os pais deixarão correr solta a programação televisiva em suas casas sem conversarem sobre o problema com seus filhos e sem exercerem uma sábia e equilibrada censura? Isso mesmo: censura! Os pais devem ter a responsabilidade de saber a que programas de TV seus filhos assistem, que sites da internet seus filhos visitam e, assim, orientar, conversar, analisar com eles o conteúdo de toda essa parafernália de comunicação e, se preciso, censurar este ou aquele programa. Censura com amor, censura com explicação dos motivos, não é mal; é bem! Ninguém é feliz na vida fazendo tudo que quer, ninguém amadurece se não conhece limites; ninguém é verdadeiramente humano se não edifica a vida sobre valores sólidos… E ninguém terá valores sólidos se não aprende desde cedo a escolher, selecionar, buscar o que é belo e bom, evitando o que polui o coração, mancha a consciência e deturpa a razão!
Aqui não se trata de ser moralista, mas de chamar atenção para uma realidade muito grave que tem provocado danos seríssimos na sociedade. Quem dera que de um modo ou de outro, estas linha de editorial servissem para fazer pensar e discutir e modificar o comportamento e as atitudes de algumas pessoas diante dos meios de comunicação…
E se alguém não gostou do que leu, paciência!
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sábado, 7 de janeiro de 2012

Nossos armários são um reflexo da nossa mente.


Você tem o hábito de guardar coisas velhas, inúteis, achando que um dia poderá precisar delas? Você acumula papéis, documentos antigos, caixas sem nenhuma utilidade no futuro? Você guarda roupas, sapatos, bolsas que já não usa há muito tempo? E dentro de sua mente? Você guarda ressentimentos, mágoas, raivas, medos? Tem o hábito de ficar remoendo lembranças tristes do passado?
Contemple isso. Compreenda que através de suas respostas você pode se autoconhecer e perceber o que precisa ser mudado em você e na sua vida para ser mais contente e próspero. Elimine o que é inútil em você e na sua vida. Crie um espaço dentro e fora de você para atrair a prosperidade, para que as coisas novas aconteçam. Enquanto acumular coisas velhas e inúteis, tanto materialmente como emocionalmente, não está abrindo espaço para que as boas oportunidades cheguem à sua vida.
Limpe seus armários, gavetas, guarda-roupa, estantes. Dê o que não tem mais utilidade. Treine o desapego. Sinta alegria em ajudar alguém ou alguma instituição de caridade. A generosidade atraí a prosperidade. Dar com sentimento de gratidão e sem apego é uma maneira de reconhecer e valorizar o que temos e nos abrir para receber mais. A ação de dar para alguém algo que estava estagnado, parado, colocando-o em circulação, cria espaço para algo melhor ocupar esse espaço. Ao agir assim você permite que o fluxo da prosperidade circule e se movimente.
Perceba quando você doa roupas e objetos como você abre espaço para ganhar algo inesperado, para receber algum dinheiro extra, para comprar coisas mais bonitas e modernas. É importante também doar não apenas o “resto”, o que sobrou, pois isto não é o princípio da abundância. É necessário haver alguma renúncia no consumismo. Pode-se deixar de usar algo supérfluo e dar isto a alguém necessitado ou alguma associação.
A atitude de guardar coisas inúteis e velhas demonstra sentimentos de carência, de medo. É ter um sentimento de baixa autoestima, é não se achar merecedor de coisas boas e novas.
Com essa atitude de falta, de achar que no futuro você não terá meios de prover suas necessidades básicas, você envia para sua mente que não tem fé no amanhã. A lei da prosperidade é Dar e Receber. Não é acumular o que não usa mais, e sim movimentar e fazer circular tanto o dinheiro como os objetos.
Para atrair a abundância e prosperidade, e importante fazer planejamentos e orçamentos, poupar algum dinheiro, disciplinar o gasto e o consumismo. Não podermos ser mesquinhos, avarentos, nem apegados demais, precisamos, porém ter sabedoria e discernimento ao gastar dinheiro. Discernir se é necessário comprar aquilo, se vai nos dar felicidade, ou se é supérfluo e vai apenas trazer preocupações com mais gastos.
Ao ter a atitude de abundância em seu interior você muda também emocionalmente. Você passa a acreditar que sempre terá o que precisa. Que Deus lhe provê e lhe protege. Tenha confiança em você e na vida. Acredite que Deus provê suas necessidades, que Ele nunca se esquece de você mesmo quando você se esquece Dele.


Texto retirado do Blog: eradomilagre.com / (Pe. Eduardo Delazari)